Geração
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Farsa da lira dos quase vinte (e seis) anos
Também Clarice e outras multiplicações A transfiguração de mim em outro não se processa na ação de não ser eu e de ser outro mas de ser o eu do outro de mim e não ser outro íntimo de mim quando me esqueço sou-me estrangeiro na imagem do espelho vivo com a obstinada certeza de ser sempre visto em troca da frustração de jamais chegar a ver-me na voz nos sonhos na epiderme a pessoa que em mim conheço é loucamente diversa da que me conhece se é noite ela me chama carlos se claro eu que a chamo vogt (simultâneos um do outro nos chamamos então de outros tantos nomes) sendo assim autênticos e banais em nossa diferença convivemos relativamente confortáveis no mesmo homem |