Novos poemas
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Bandeirolas
Não conte, porque sentirá saudade, não do contado, mas das pessoas, eventos, coisas, acontecimentos que, mesmo não acontecidos, passam a ter sido, como se fato. Não conte, ou se contar ficará magoado pelo que amamos, desamamos, gratos ou feridos no desejo de voltar à casa à que não há retorno, dela sair a cada dia novo, e entrar na noite sem sair do dia. Não conte o tempo com a unidade de medida do desencantamento, nem se preocupe pelos vazios no contínuo da plenitude adentro. O tempo corre contra e a favor do tempo, tecendo cedo e tarde como se um prenúncio fizesse desaparecer do encontro, que deve acontecer no tempo, aqueles que se encontrariam para confirmar que, se nada é novo se senão pelo esquecimento, o tempo em si sempre rejuvenesce fora de si não muda, mas no que muda ele envelhece, folga estendido como lençóis de chuva secando ao vento nos varais do tempo. |