Novos poemas
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Enfeites
Não havendo como deixar a luz de iluminar o acaso da incidência, decidiu-se a própria luz, por força da clareza de propósitos do fado de sua obstinação, focar a falha, o vazio, a substantividade da ausência, e foi como se o nada procurado fosse pedra, fluída, é verdade, mas pedra de cristal corrente nos vazios que a pedra faz quando, destruída a própria fortaleza, deixa do existido um rastro distraído de pedra sobre pedra. Nem era a catástrofe, tampouco a reconstrução, só um intervalo de matéria indistinta, distinguindo estados cambaleantes do objeto equilibrado entre o fluxo e o crepúsculo como ponte que se lança do instante à duração. Não havendo como negar a persistência da busca inconsolada pelo desfecho incerto, o admirável esforço de cercar a fera resulta quase sempre quase nulo, se a perda de tempo de prender o tempo na malha da razão da eternidade não esmerasse o tempo em solidão de acertos, não detivesse a fuga com a ilusão de muros. O circo dos besouros voa e ilumina o sonho da aterrizagem, como a luz do bairro próximo de longe se vê mais tarde o brilho das linhas de ruas que obscurece a paisagem, como uma cidade não voa e se move no ritmo de ser cidade. |