Paisagem doméstica
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Soneto da esterilidade
A reticente dor de confessar-me estar segura minha mão escapa em gestos largos de ranhura e escarpa o sangue rouco arregaçando a carne por mágoa sem remédio de calar-me se quantos naufragaram nessa mata a casa era vazia: tédio e nada previa na certeza o falso alarme ressoa na clareira um grito agudo são bruxas minotauros sentinelas que enxotam competentes o absurdo esgarçam duras peles folhas velhas moldura quadro seco fruto mudo retórica dos braços nas janelas sentado na beira da cama herói de falsos perigos converso com as feras saudades que o copo de uísque reclama passo por garras impune mas vejo deitar-se na noite a mão de um menino ferido além de ferida guardada em redonda insuficiência a mão na noite deitada é o tempo datado em silêncio serena como num ovo em águas de estagnação a noite na mão do menino dobrada em anzol de cristal é ponto de interrogação: torto para diferenças só fisga em soluços constantes a mesma história banal |