Paisagem doméstica
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Tautologia
para Carlos Rodrigues Brandão Feito de ausências no contato último do corpo que as queima e destila o poema carrega entre aspas as coisas que estão entre palavras palavras coisas poema escorrem no tempo que corre no inverno do dizer que é longo o mostrar que é curto o tempo animal ferido mas vingativo nega no próprio destino a consumação vegetal do fato: apodrecer num prato o intestino das palavras (sendo as coisas fora de si) recobre a pele das formas (sendo as palavras dentro de mim) todas as coisas comungam no ponto de modificar-se estáticas na ogiva inchada das promessas de explosão os limites de qualquer mudança dados pelas fronteiras desta imobilidade ancestral e futura: a da morte por isso tudo está em tudo como cada coisa em si mesma caminha para a recusa dessa objetivação simplificadora recuos e projeções atualizam-se em diferenças simultâneas no homem estando em seu corpo na forma do outro dosada no tempo das coisas na história a palavra é o outro do homem nas coisas o poema é atento às coisas no tempo e o tempo é o tempo é o tempo é o tempo |